quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Acordo

A saudade fez um acordo com o tempo. E eu fiz um acordo com os dois. Ou eu mato o tempo, ou mato a saudade.

Palavras

você me faz pensar poesia pra trocar palavras.
me faz dizer palavras pra tocar a alma.
aí eu me dou conta que não estou tocando você.
estou apenas bem pertinho da porta, ouvindo os seus passos,
treinando mil palavras, só para gaguejar e admitir o óbvio.
não, eu não faço poesia para alguém que me deixou assm.

sem palavras.

prefiro me render.

que seja a seu abraço.

Lembranças

as lembranças me levavam pra um lugar seguro.
e ontem, cheguei até lá.
pela primeira vez, tive medo.

como um lugar pode ser seguro se não existe mais você?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Relógio

No dia dos Namorados, ganhou um relógio, e logo depois, viu o amor acabar. Irônico, mas parou de sentir que com ele, o tempo parava.

Escuro

Deitado no escuro podia enxergar bem melhor. Os pensamentos que já não eram tão confusos. A solidão que já estava acompanhada do sono. E o medo, que parecia bem mais perceptível. Resolveu acender a luz.

Sono

Foi para cama correndo para que o sono chegasse bem antes da solidão.

Aspas

Desde que conversara com ela pela primeira vez, aquela voz doce não saia de sua cabeça. Aspas se instalaram em seus pensamentos.


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Se falar em sentimentos sem sinceridade, por favor, ao menos, abra aspas antes de começar.

Bom dia

Pela manhã, acordava com qualquer barulho que não fosse o despertador. Até que um dia, sua manhã foi recepcionada por um beijo. Vencida pelo péssimo humor matinal descobriu: não, não era amor.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Licença

Você já nem precisa mais pedir para entrar. Não precisa mais bater à porta, e só peça licença se for para quebrar o gelo, ou dar um motivo ao silêncio. Porque foi exatamente assim que você chegou na minha vida. E por favor, se for embora, tenha cuidado para não deixar nada fora do lugar. Não esqueça nada seu. A não ser o motivo para voltar.

Marcador

A partir de hoje, vou mudar todas as lembranças. Vou encontrar uma maneira de não mais encontrar você. Para isso, vou jogar fora aquele marcador de livro, que sempre entrega em qual trecho ficou uma parte da nossa história.

Pipa

Toda vez que você for embora, eu não vou mais ficar triste. Vou fingir que é aquela pipa que tive que soltar pelo céu. E que bonita pode ser a despedida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Céu

Eu pedi flores e ganhei uma caixa de lápis coloridos. Agora, toda vez que te der um abraço, posso desenhar as flores que quiser, e pintar com as cores que mais me lembrem você. Hoje, escolhi o azul. O seu abraço me levou pro céu.

Borboletas

Depois que se apaixonou, sentia borboletas no estômago a toda hora. E era por isso que perdia a fome.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Solidão

Tome essa caixinha de música que você nunca mais vai sentir-se só. Quando ela abriu, uma surpresa. Havia uma bailarina dentro da caixinha. Como pode? Acho que me ensinaram errado. Neste momento, o que mais podia definir como solidão, era justamente o contrário: uma bailarina rodando em uma caixinha de música. É isso que estava sentindo dentro do coração.


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Às vezes, sentia vontade de se esconder dentro de si mesmo. Introspecção? Talvez.
Tinha explicação melhor, já que ao menos assim, lá dentro do coração, poderia fazer companhia a si mesmo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Números

"1,2,3,4,5,6,7..." E lá estava Joãzinho sempre contando baixinho. Por outro lado, sua mãe não conseguia entender como um menino que adorava contar podia ser tão ruim em Matemática. Outro dia, até reclamação da professora ela escutou: "Nas aulas, parece até que Joãozinho vive no mundo da lua". Quase acerta. O menino era péssimo em matemática, mas adorava contar as estrelas.

Um post meloso

“Eu te adoro” não pede nada em troca. “Eu te amo” é uma promessa, que mais cedo ou mais tarde, pode partir seu coração. “Eu te adoro” é Domingo às 16h da tarde, com filme e brigadeiro. “Eu te adoro” é um beijo na mão, um cheiro na testa e uma brincadeira sem graça só para fazer você sorrir. “Eu te adoro” é filhote de cachorro. “Eu te adoro” é quando você, por algum motivo, não pode dizer “eu te amo”. Mas sente. E isso não pode ser da boca pra fora. “Eu te adoro” é ternura. É não ter nem vontade de colocar ponto final nesse texto. Porque “Eu te adoro” é reticências...

Mudança

Celalândia pode ser um lugar cheio de poeira. Isso se não aparecer ninguém para fazer a primeira faxina. Mas Celalândia, certamente, vai ter cheiro de pitanga. E pode ter certeza: você vai abrir a porta e vai morrer de vontade de comer brigadeiro de bolinha colorida. É assim que funciona. Esse é o segredo para se sentir em casa. Ah. A única moradora dessa terra jura que lá tem assombração de madrugada. Mas tudo bem, nada que os guardas cobertores não resolvam em alguns meses. Nunca, jamais, leve um filme de terror para assistir nessa terra. A não ser que você se comprometa a assegurar a paz dos moradores. Ou seja, deixe seu celular ligado quando for embora. Na Celalândia, acontecem alguns milagres. Como por exemplo, você nunca vai se deparar com uma barata. Ufa. Parece que no processo de seleção natural, elas perderam feio para os ácaros. Pudera. São mais de 30 bichinhos de pelúcias, das mais variadas espécies. E se por acaso, você tropeçar em um deles e acabar chutando, cuidado. Você acabou de ameaçar a moradora gigante dessa terra. (bom, eu garanto que ela não faz mal nem a uma formiga).

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Um menos um.

Antes dela, existia um hiato na vida dele. Depois que ela foi embora, passou a existir uma lacuna.

Recorde

Maria Júlia tinha sete anos e passava horas pulando, apontando um palito para o céu. Ninguém entendia aquela menina. Até que um dia, ela acabou contando seu plano mirabolante. Estava tentando fazer o maior algodão-doce do mundo.

Epitáfio

Morreu com contas a pagar. Aliás, John Fleming já não agüentava mais contas. Aqueles números pequenos eram demais para seu coração. Quem já viu existir coração racional pra agüentar tanta matemática? E agora, finalmente, tinha uma eternidade para se divertir, colocando em prática o tal desapego. Mas como último ato de desespero – diz-se que antes de “seguir a luz” a pessoa fica um pouco presa a seu mundo – John resolveu visitar a sua lápide. Afinal, não queria ser mais uma alma penada brincando de ler epitáfio para diminuir a espera no purgatório (é, parecia um consultório de dentista). Resolveu logo o dilema e encarou duas coroas de flores e o seguinte texto “John Fleming – 1878 a 1947". E mais nada. Só isso. John sentiu um calafrio na alma (ih) e resolveu esquecer aquele momento. Como pode? Fazer contas até depois da morte? Tinha esquecido a sua idade.

Aquário

Essa é a história do peixinho mais dourado do aquário. Para Johnny, não há muito parâmetro de comparação. Ele apenas tenta ver a sua cor no vidro do aquário. E claro, como ela chega a refletir nos seus olhos, daí a sua conclusão: não há peixinho mais dourado do que eu. O que torna a vida de Johnny mais interessante é que ele foi comprado por 5 reais, obtidos com tamanho esforço. Maria Júlia, uma menininha de 5 anos, implorou para sua mãe pelo peixinho. Johnny só tinha mesmo é que amar essa menina. Não é todo dia que um peixinho vale mais do que um saco de jujuba ou dois chocolates. E hoje, na convenção dos peixinhos , Johnny fez uma revelação maravilhosa a seus companheiros: sabia que quando a gente pula do aquário vira um desenho animado? Opa. Ainda bem que a mãe da menininha teve a brilhante idéia de comprar um aquário bem fundo.