segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cores

Relógios. Lápis de cor gasto sobre a mesa.
Toda vez que ele ia embora, ela tentava pintar seu mundo com uma cor que o deixasse bem menos cinza.

sempre

Só inventaram o "pra sempre" para as coisas boas durarem bem muito.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Receita

Não se fazem maçãs de amor como antigamente. O Google descobriu as receitas dos parques de diversões.

tempo

E quando a lua brinca de se esconder do sol. É porque eu deveria passar mais tempo com você.

ar

O silêncio quando não é invisível. Uma respiração ofegante.

Abraço

A única forma que o amor encontrou de fazer um coração beijar o outro.

Algodão

Quando ele foi embora, deixou um pequeno algodão na sua mão. É só para você ter certeza de que mesmo longe de mim, vai se sentir perto das nuvens

Estimação

Maria Julia chegava ao colégio e dizia com o maior orgulho do mundo: eu tenho um bichinho de estimação.
É um passarinho de asas machucadas.
Enquanto alguns riam, os outros ficavam sem entender.
Como no meio de tantos totós, labradores e tartarugas, a menina podia ter orgulho de ter um passarinho de asas machucadas?
Foi aí, que um dia a menina revelou: toda vez que chego em casa, divido a lição de casa com Amarelinho. Enquanto aprendo a tabuada, ele também aprende a voar.E que fácil fica a tabuada.
Hoje, eu tive uma surpresa. Amarelinho conseguiu voar.
Isso só pode ser sinal de sorte. Logo no dia da chamada oral.
Então, agora você não tem mais bichinho de estimação?
-Claro que sim. Amarelinho está duas vezes mais vivo.
-E eu sempre vou estimar um bichinho assim.
Disse a menina esperta, depois de acertar a tabuada inteira de nove.

sorte

O melhor presente do mundo. Você nunca pede. e quando ganha, é sempre surpresa.

Domingo

Como sofre por antecipação o domingo, pensando que amanhã é segunda.

Amor

Um dia você descobre que sentir saudade não é estar só.

15 minutos

A saudade, quando criança, morava bem longe. E mesmo assim, não tinha jeito de ficar sozinha. Era ela quem recebia as cartas bonitas de amor e de amizade. Era ela quem recebia os sentimentos ternos do outro lado do mundo. Ta aí. A saudade foi uma criança engenhosa. Daquelas que testavam mil experimentos para inventar alguma coisa. No caso dela, essa tal coisa era a mania de tentar diminuir a distância sempre com uma invenção diferente. Dizem por aí, que primeiro veio o pombo-correio. Porque na época da guerra, a saudade ficou tão longe e escondida, que o tempo-espaço ficou ainda menor que um coração apertado.E falando em asas, depois ela inventou o avião. Ufa. Assim era mais rápido. E que mania de asas tinha essa criança. E como toda explicação lógica dessa idade ela dizia que é porque quem sente saudade quer mesmo voar pra bem longe. Tudo bem, dessa vez passa. Todo mundo mesmo queria estar bem perto da saudade. Menos a despedida. Pois como toda historinha de amor e aventura, essa aqui não poderia ser diferente. Também tem uma vilã: enquanto a despedida vai embora, é a saudade que fica.

De tanto ser obrigada a casar com o tempo, a saudade começou a colecionar relógios na sua casinha. Eram ponteiros dos mais variados tipos. E que lembrança ruim foi esse casamento com o tempo. Nem o padre abençoou. O sino da igreja não tocou e nenhum convidado apareceu: todos perderam a hora, afinal, todos os relógios do mundo estavam na casa da saudade. Passados alguns meses, o tal do padre mandou uma carta justificando a sua falta: “não posso dizer até a morte os separe para um casamento que nasceu de uma separação.”É o padre estava certo. Não era época de casamento por conveniência. Mas tudo bem.

Com um pouco de sorte, a saudade viveria bem pouco. E que vida mais feliz, ela teve. Só morreu depois que duas pessoas de abraçaram. Será que morreu mesmo? Dizem por aí que ela se transformou em uma tal de lembrança. Outra casinha bem pequena, no meio do nada.Provavelmente, no coração de alguém.