quarta-feira, 19 de novembro de 2008

;

Ponto-e-virgula não gostou de nascer assim. Nem sendo uma coisa nem outra.
Na verdade, ponto-e-virgula nunca foi compreendido. E o pior era o mal-estar constante que o bichinho sentia quando era
empregado tantas vezes. De forma errada, claro.

Ponto-e-virgula sempre foi aquele que nunca foi ponto nem vírgula. Mas, tá, quer ver uma qualidade do coitado?

É bonito usar ponto-e-virgula. E quem disse?

Ora. ele pode ser bolinha e cobrinha ao mesmo tempo. Ele pode ser final de filme. Daqueles que quando você acha que acabou, vai lá e continua. Ponto-e-virgula também é quase uma história sem fim. Porque é exemplo.

Se um dia eu ganhar um Dálmata ou até uma zabra, prometo que coloco o nome dele ponto-e-virgula. =)

por sinal. a zebra é mais preta do que branca, ou mais branca do que preta?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vai

Antes só do que mal acompanhado. Disse ele para dispensar a sua própria solidão.

Companhia

Conheceu ela.
Assim, escrito errado.
A partir daí, nunca foi sozinho.
Primeiro, ele e o medo.
Depois, ele, ela e o mundo.

E ela foi embora?
Ele e a solidão.

Pincel

Azul é sapato. Amarelo é meia.
Azul é botão. Amarelo é rosa.
Não a cor, mas a flor.
Amarelo é delicado.
Azul? Depende.
Azul é céu sem nuvem.
Então por que você desenha a nuvem azul
e não amarelo?
Amarelo é elo, mas também é ela.
É amarela. É você sem cor.
Azul é só. Somente.
Só pode ser plural quando é blues.

Azul é poesia. Amarelo é rima.
Amarelo é aquarela. Outra palavrinha bonita.
Amarelo é olhar. Azul é sentimento.
Escondido. Mas só pode ser sombra, se tiver luz.

Azul é você. É sua mania.
De transformar meu mundo em amarelo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

quebra-cabeça

Antes de ir embora, deu a ela um pedacinho do céu. Desde então, toda vez que Maria Júlia vê desenhos nas nuvens, acha que é ele, brincando de quebra-cabeça com ela.

Dois

Você partiu um coração com a mais fina linha do mundo. Aquela que divide eu e você

Segredo

Onde você guardou aquele segredo? Espero que não tão bem escondido a ponto de ser esquecido.

Nada

veio do nada.
para se transformar em nada.
irônico é dizer que já sabia.
quando não sabia de nada.

Matérias

É preciso muito tempo para sentir distância. E não adianta negar : é física.
Mas se ela se aproxima, esquece. Não adianta negar o que é química.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mão

Escolha uma das mãos.
E se eu escolher a vazia?
Eu acompanho a sua solidão.
Então, me dá a sua mão direita inteira.

Peças

Chegou em casa com a sensação de que alguma coisa estava fora do lugar. Foi aí que percebeu que era a sua vida que não se encaixava mais ali.

Não

Era uma vez um Não. Como qualquer outro. Impossível de errar. A não ser pela preguiça de escrever a cobrinha, ou quando era o sim, com medo de ser não.

Bubulino

Bubulino era um bichinho esquisito. Vivia trancado no topo do armário, como quem vive à espera de uma travessura qualquer. Na verdade, Bubulino não podia se misturar com os outros bichinhos de pelúcia. Ele foi o primeiro presente de namoro do seu dono para sua dona. Para bubulino, esse amor era muito egoísta: ele tinha que ficar em uma sacola plástica para não pegar poeira, no lugar mais alto do armário para não ser visto pelas crianças. E depois de tantos anos de casamento assim, ele não era feliz. Para Bubulino, seu retrato era de um amor que não podia ser vivido pelo medo do inevitável desgaste. Até que uma das crianças achou o bichinho. Não só sujou, como arrancou um dos seus olhinhos. Com medo dos pais, o olho foi posto de forma esquisita no mesmo lugar, com a ajuda de um tipo de cola, não muito cheirosa.Agora sim, ele podia dizer que viveu. Mas para a alegria do bichinho ter fim, sua dona nunca notou que Bubulino estava machucado.