quarta-feira, 22 de junho de 2011

Foi você.

Foi você.

Foi você que encontrou o que eu tinha perdido.

Foi você que desencontrou o que eu havia ganho em tanto tempo de vazio: horas de sono.
Você não me deu nenhuma nuvem, mas me deu o melhor sorriso de um dia nublado.
Você não chegou com promessa. Não chegou com palavras. Não prometeu ser único.
Chegou com o coração machucado. O único que me beijou em palavras.

Não anunciou a sua chegada por dias, como quem espera alguma surpresa.

Chegou de surpresa. Não pediu nada, mas levou um pouco de mim.

Levou o que eu tinha perdido.

me fez descobrir que saudade nem sempre dói.

Saudade nem tira o ar.

É ela que faz respirar de novo e se sentir um pouco vivo.

Foi você que deslanchou meu mundo.

Desmanchou minha dor.

E quando tudo parecia perdido,

Era só o dia que estava amanhecendo.

(e se depender do teu sorriso, nunca mais vai anoitecer em mim).

Continua

Recomeçar: é só um começo que já passou pelo fim.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

é.

Não é descontrole. É o coração saindo pelos poros.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Desculpa?

Não o pedido. Mas o motivo que precisava para te ver.
Ta bom. Agora, é um pedido.

longe

Por que a saudade sempre escolhe o caminho mais longo?

É triste. Não leia.

O amor não acaba.
Morre.
E como todo morto, ele fica frio.

Shh

engano seu achar que o silêncio tem a ver com a solidão.
Foi no silêncio que pude escutar teu beijo.

Da série "brega".

teu beijo foi o atalho que peguei para encontrar o amor.

Despedida

É só a sua alma que se despiu de mim.

tempo

Que coisa é a vida.
Esse pequeno círculo girando o tempo todo em torno de si mesmo. Ou de mim mesmo.
Que nunca pára. Como se fosse um pequeno relógio.
Não sei que tipo de relógio. Mas está sempre tentando alcançar alguma coisa.
Será que “alcançar alguma coisa” se chamaria “hora certa”?
Mania da existência de viver em função da hora certa.
A hora que parece nunca chegar, mas é a hora sensata.
Mania de querer fazer tudo como manda o figurino.
Café da manhã tem que ser sempre antes do trabalho com gosto de iogurte e obrigações diárias, que logo cedo, talvez se resumam a comer frutas.
Nunca é tapioca vendo o pôr-do-sol. Isso sairia e muito do script do relógio que fica circulando em torno de nós mesmos. Nenhum relojoeiro conseguiria resolver esse problema.
Diga-se de passagem: o relojoeiro nesse processo somos nós mesmos. Mania de controlar o tempo e afins. Mania de “hora certa”
E a hora certa para viver? Hora certa pra amar. Hora certa pra sofrer. Verdade que tudo tem seu tempo.
Mas dolorosa também é a verdade de passar o tempo esperando uma hora que nunca chega. Até porque, abstraindo por segundos do relógio, ele passa de 10 paras três para às 5 e meia, em apenas um cochilo.
Dorme-se no ponto esperando a hora certa.
Vamos ser prudentes. Vamos almoçar de meio dia. Tomar um café às 13:30.
Vamos dar volta sobre nós mesmos para assim, finalmente, começar a sentir alguma vertigem.
E haja tempo para isso.
Estaremos seguindo algum tipo de script com final feliz?
Sensatez. Quem inventou essa palavra, provavelmente tem 12 relógios em casa.
E provavelmente, sabe responder essa pergunta.

Mas tudo bem. Faz de conta que por um segundo, você esquece todos os relógios do mundo.
Faz de conta que todos eles pararam.
Agora, sim, você tem controle sobre o tempo.
Quando o relógio para, é a vida que começa a girar em torno de você.
É isso.
Aí sim dá vertigem, calafrio e até medo.
Mas é vertigem boa.
É vertigem que não espera a hora certa. Porque não existe hora pra nada.
É vertigem de saber que a vida não está passando por mim enquanto eu “não perco a hora”.
O tempo parou.
E parou. E parou.
e por um passe de mágica, só assim, a vida me consertou.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Abajur

O dia apagou a luz.
Quem pediu para anoitecer?
Não era eu que pedia estrelas quando podia ter o céu azul.
Quando podia ver todos os seus detalhes e não sentir medo.

Mas o incrível era que o frio não veio junto com a noite.
Ela veio aquecida.
Bem de repente.
De repente e devagar como deve ser.
Mais rápido, quando não se espera.
Quando pega de surpresa.
E apega.

E lá se foi a noite.

De repente, o dia acendeu a luz.
E agora, a saudade tem nome.

.

apaga a luz?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Rumo, prumo e afins.

Do abraço,

se fez um rumo

de um ninho: só pode ser um caminho.

Sem volta?

Não. Sem saída.

Me peguei dando voltas.

Em volta, era um abraço.

Meu passo.

Teu laço.

É a saudade.

é você de volta.

e eu? Perdi o rumo.

Meu prumo? É você.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Mil Nomes

Era uma vez um cavalo e um monte de cavalos iguais a ele. Mas o que
vamos descobrir agora é que ele não é bem igual aos outros. Esse cavalo
não tem nome. Ele é o cavalo de vários nomes. Todo dia chega uma
criancinha nova e dá um nome a esse cavalo.

Ele é um cavalinho de um carrossel. E ele não é bem igual aos outros
do mesmo carrossel. O cavalo de mil nomes tem um sonho. Ele quer levar
suas crianças pra muito mais longe dali. Até onde nem seus pais possam
enxergar, mas mesmo assim nem pensem em ficar preocupados. Eles
confiam nos cavalos de Mil Nomes. E as crianças confiam ainda mais. Elas
contam segredos que nem contam
para seus amigos. Elas fazem carinho na sua cabeça, como se ele fosse um
cavalo qualquer por aí, fofinho. Cheio de brilho. Mas o que elas não
sabem, é que o brilho mesmo dele vem de um lustra móveis. Bem, mas isso
é apenas um detalhe.

O importante agora é que cavalo de Mil nomes recebe nomes engraçados.
Ele já foi chamado de melancia, de corcel (que honra), de espadinha. E
acredite, hoje, um menininho triste o chamou de amigo. Simplesmente
amigo.

Foi ali que Mil nomes quis sair do seu simples carrossel. Ele quis voar.
Como pode? Um cavalo preso a outros cavalos. A mil charretes. Voar?
De tanto brincar com criancinhas, Mil nomes criou lugares imaginários. Na
idade dele, porque mil nomes já tem 40 anos, não é muito comum criar
amigos imaginários. Mas lugares, sim.

Mil nomes já quis ir pra Grécia. Já quis brincar com cangurus na Austrália.
De tanto carregar crianças, eles às vezes sonha que é um canguru.

Ele já quis fazer parte daqueles filmes de faroeste. Já sonhou em ser
um desses cavalos por aí, valentes. Desses do filme que o moço que toma
conta de carrosssel assiste antes de ir pra casa. Nesses momentos em que
eles está sozinho. Sem crianças, sem alegria, sem pirulitos.

ah. Mil nomes tem um segredo. Quando as crianças estão longe, os adultos
viram crianças. eles sobem em Mil nomes escondido - é nessas horas ele
fica morrendo
de dor nas costas - e começam a brincar.

É por isso que Mil Nomes é um cavalinho feliz. Não só por que ele é
amigo.

Ele é feliz porque não é só ele que tem sonhos. Naquele carrossel, todo
mundo aprende com uma criança. O mundo vai girando, e lá está Mil
nomes indo de cima pra baixo, de
baixo pra cima. Mil nomes fica triste quando se despede das crianças. Mas
faz parte do
trabalho, né? Hoje ele ficou feliz de novo.

Aquele menininho, que o chama de amigo, disse que sentiu a falta do
cavalinho. Disse que ontem, Mil nomes levou ele pra passear, pra bem longe dali.
É isso que deixa Mil nomes verdadeiramente feliz.Ele tem mil nomes.Já conheceu vários lugares. Já foi pra bem longe.

Tudo isso, só rodando e indo de cima pra baixo, de baixo pra cima. Tudo isso no mesmo lugar. E acredite. Ainda assim, ele é capaz de sentir saudades.