quarta-feira, 24 de abril de 2013

Menino-carinho



Tiago é um menino carinhoso. Menino-carinho. Menino mimoso. Ele faz carinho em todo bichinho que vê. Carinho para ele é encostar testa com testa, como se estivesse dançando.
Mas no caso dele, dançando bem rapidinho.
Tiago com apenas um gesto explica para o mundo inteiro que o verdadeiro carinho é estar junto, estar perto.
Carinho é o jeito que Tiago encontrou de abraçar com a alma, mesmo sem saber o que é isso.
Bom mesmo é acordar todo dia com esse sentimento.
Bom mesmo é acordar com o carinho de Tiago. Pra mim, é bom dia.
É dançar às 6 da manhã.

Tiago e a chuva.

Hoje Tiago viu a chuva. Pela primeira vez, sentiu de verdade. Chuva, Tiago. Tiago, chuva.Ele ficou paradinho, apontando, com o maior olho do mundo. Olhou para mim como quem está escutando música pela primeira vez.

Olhos curiosos. Ouvidos atentos. Coração quentinho. Mais uma descoberta para entrar na lista das coisas que Tiago ama. Amanhã quem sabe, ela ganhará mais uma novidade: dormir na chuva.
Tiago dorme, embalado por essa música tão delicada que nem parece um disco arranhado quando se ensaia um trovão.

Seja criança, noite. Essa composição brilhante que só acaba quando o sol chega. Também cantando. Como Tiago ao acordar.

Quem tem medo do escuro?

Tiago não tem medo do escuro.

Ele acha que é mais um esconde-esconde. E agora, real. Ele fica imóvel, rindo baixinho, como se o escuro fosse seu esconderijo.

E ao acender a luz, o olho de Tiago brilha só para combinar com o sorriso de dentinhos separados.
Tiago fica na expectativa para que mais uma vez a luz se apague e ela possa ser invisível.

E eu fico só esperando a luz acender para abraçar Tiago. Não mais para proteger do escuro.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Tiago sorri com os olhos.



Tiago sorri com os olhos. E se ele consegue fazer essa mágica, com certeza, deve gargalhar com o coração. A alma de Tiago é tão doce que tem cheiro de pipoca. Doce. Porque algodão-doce seria muito clichê.
Tiago sabe que consegue um beijo sempre que sorri com os olhos. A pergunta é: o beijo é nos olhos ou é na sua bochechinha?

Deve ser no coração. E que gargalhada.
Parece gargalhada de cosquinha na barriga. Mas é na alma.
Talvez Tiago também sorria com a alma. Só sei que ele fecha tanto os olhos que parece que passou um vento. 

Mas Tiago é só brisa. Brisa que descansa e acalma a alma.
Tiago faz rir até quem quer chorar.  E rir de olhos fechados, só para fazer graça.
É uma graça.






quinta-feira, 18 de abril de 2013

O abajur-cachorro



Abajur não late, mas ilumina. Como um cachorro que brinca com seu dono e se esconde para ganhar mais carinho.

E como Tiago acha que o abajur é um cachorro?
Tiago acorda e faz carinho no abajur. Tiago puxa seu fio, como quem leva o bichinho para passear. E assim, Tiago e o abajur iluminam o dia de muita gente.
Se eu pudesse, colocava os dois no criado-mudo. Não mudo. Tiago jura que o abajur late.
E se você quiser ouvir, basta acender o botão de madrugada. Botão é um nome fácil para interruptor. E abajur, o nome do primeiro cachorro que um dia Tiago vai ganhar.

Hoje adestramos o abajur. A gente diz “deita” e ele apaga a luz. E Tiago dorme.


 

Da janela da boca de Tiago.


Da janela da boca de Tiago dá para ver o mundo.

Que mundo colorido. Em balões que fingem ser telhados ou viram guarda-chuva. Claro que em dia de chuva.

Da janela também é possível  ver um mundo em preto e branco. Se assim for para ser bonito, como um filme antigo. Cheio de sutilezas, bons sentimentos e cheio de saudade. Janela fechada tem alma de saudade.

Da janela da boca de Tiago dava para ver o quanto ele cresceu.  Ele ainda não alcança a janela. Mas  tem uma escadinha que tem vista para todos os horizontes. Na escola, ele aprendeu que horizontes também é futuro.

Da janela da boca de Tiago também da para ver o céu. O céu da boca.