sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Inflação.

Se teu sorriso me faz economizar anos, vou gastar tudo em felicidade.

Sobre a dor ser inspiração.

Quando mais escrevo sobre a dor, mas ela se dissipa. Quando mais ela se dissipa, mais meu papel fica em branco.

sobre dores faladas.

Colecionava palavras e corações partidos. se feriu com todos.

Inspiração.

Quanto mais escrevia, mais perto ficava dele. E ainda tem gente que acha avião mais importante que máquina de escrever.

Sobre a velocidade do tempo.

Conseguiu se apaixonar por ela mais rápido que uma máquina Polaroid. Guardou a foto de lembrança.

Polaroid.

Quando criança, tinha mania de coisas impossíveis do tipo: esquecer o sorriso dela.

Sobre presentes impossíveis.

Você me prometeu o céu e me enganou com seu amor que tinha cheiro de algodão-doce.

insustentável leveza.

só não carrego saudade no peito, porque carregando tanto peso, seria difícil chegar até você.

Aumentar o volume do amor.

Te amei em segredo, como quem ama baixinho, pra não acordar a solidão.

Anônimo.

o sentimentou chegou. e ninguém me apresentou.
chamei assim. de sentimento sem nome.
se um dia virou amor, não lembro do nome de quem
um dia me apresentou pra dor.

além das nuvens


Não existe o outro lado do céu.
mas também não existe amor que não se dissipe
no meio das nuvens.
amor que vira chuva. e faz o céu virar lágrima.
do outro lado da rua.

Espaço teu

coração de várias pontas e algumas arestas.
ou frestas. só para o sol brincar de iluminar o meu dia.
assim como você.

Quando o mundo escapar pelas mãos.

O mundo é bem maior do que você pode ver, mesmo que tenha esse olho tão lindo de jabuticaba. É bem maior do que seu abraço quando acorda, ou quando somente tenta abraçar o mundo. O mundo é grande pra sua mão pequena que ainda tem um monte de furinho. Essas pequenas barrocas de mão que denunciam o quanto você ainda é pequeno, mesmo crescendo em tão pouco tempo. O mundo é muito maior do que você consegue pensar. Maior que a sua mamãe-girafa. Maior que o ônibus que sempre deixa você de boca aberta na rua. O mundo vai ser maior do que a sua imaginação. E que competição acirrada. Mas pra mim, quando estou com você, tudo fica pequeno. Tudo parece menor. Até o mundo. Afinal, mesmo que o ônibus seja gigante e sua imaginação planetária, o mundo ainda é pequeno em comparação ao tamanho do meu amor.
=***


te amo, meu quase 1 ano e 6 meses.
Meu quase ontem.
E minha felicidade, toda.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pela janela.

Com teus olhos de criança, voltei a acreditar no mundo. Não esse que você imagina, cheio de jujuba ou nuvens que desenham animais. Mas um mundo em que eu possa parar pra desenhar. Seja você, sejam os animais. Mas pude ver cores que já nem mais lembrava que tinha guardado só pra mim. Tentei te ensinar a desenhar, mas descobri que até isso estava aprendendo com você. Ué, se desenhar é minha inspiração, é claro que isso tudo tem a ver com você. Se coloco um sol na janela, é só porque você me ilumina sempre. E isso nem tem nada a ver com me acordar mais cedo, porque agora, você está aprendendo comigo a maravilha que é dormir bastante. Mas pelos teus olhos de criança, eu pude ver o mundo com minha imaginação. Eu pude ver um cachorro feito de lego, mesmo que ele nem tivesse boca pra latir. Você estava latindo, aos risos, tirando todo o meu pranto. Te vi arrastando cadeira. E desde quando arrastar cadeira tem a ver com bagunça, e não apenas com arrumação? É você, arrumando e desarrumando meu mundo. Trazendo um pouco de ordem para todos os meus sonhos, que há muito tempo estavam esquecidos. Pelo mundo, talvez. Ou passando pela janela, que nada tem a ver com teus olhos de criança. Por essa janela, voltei a ver o mundo lá fora. E se brincar, ou se você estiver brincando nele, as nuvens desenham sim, animais. Ou pode ser apenas o seu rabisco no papel tentando me dizer qualquer coisa que me faça feliz. Só não consigo mais imaginar esse meu mundo colorido sem você.

Novos horizontes

Um gesto de carinho. Foi assim que ela pensou vendo a linha do horizonte pela terceira vez no mesmo dia. Imaginou que caminhos poderia existir por ali. E como o mar, em sua loucura, poderia traçar uma linha imaginária tão coerente com seus sentimentos.
Pensou em sair nadando com a intenção de esquecer alguma lembrança. De correr pro abraço, ou somente pra deixar pra trás alguma coisa.
Era isso. Precisava deixar alguma coisa pra trás, só pra descobrir o quanto teria sorte, o quanto sentiria saudade. O quanto correria de volta. A linha do horizonte ficou distante de novo. Seus pensamentos tortos, mas foi por esse caminho que finalmente, ela voltou pra casa. 

Tudo cinza.



Não é de se espantar que o jornal tenha esse cinza da cor do meu céu, desde que você embora. Imagino que o mundo inteiro esteja em conspiração para a cada dia perder menos cor.
Das cores, eu fiz um lamento. Pode ser setembro, primavera, ou outono. Sem você, os dias pairam, mas não param. Me vejo pensando em como tudo podia ser diferente, se você tivesse lido o jornal antes de ir embora.
Talvez, sentasse um pouco mais e tomando um café, você lembrasse o gosto de cada manhã. Ou talvez você achasse que o mundo precisa mesmo de mais cor.
Não sei como isso tudo vai virar lembrança dentro de mim. Mas no jornal, que não mostra as pequenas coisas, eu posso ver meu coração. Grande coisa. Ele ficou cinza também.

Qualquer ritmo.

Não era uma dança qualquer. Ela flutuava como há muito tempo não fazia qualquer outra coisa sem explicação. E nesse ritmo, esquecia a própria música. Saberia que aquele momento virava lembrança, como se pudesse ser fotografada no exato momento em que seu coração bateu mais forte. Só o silêncio. Era isso que ouvia. Sua solidão se calava pra ouvir aquela música. Não pensava em nada. O medo tinha se tornado tão pequeno, que se tentasse dar qualquer passo à frente, entraria na mesma dança. Desengonçado, preferiu nem arriscar. Talvez fosse amor. Talvez fosse só uma dança. Talvez não pensasse no que viria a ser depois. Não podia ter ritmo, mas fazia o tempo parar. Pena que a música acabou.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eu demorei anos (parte 3)

Eu demorei anos para descobrir que a felicidade é feita de pequenos espaços no tempo. E às vezes, quando é preciso algum esforço para se sentir feliz, é preciso também ir para um lugar um pouco longe. Talvez chamado de lembrança. Eu demorei anos para descobrir que as melhores lembranças da minha vida me fazem me sentir mais viva. E mesmo sabendo que com o passar desse tempo envelheci qualquer coisa, são essas lembranças e saltos no tempo que me fazem me sentir mais jovem. Lembrança é um jeito especial que temos de colocar um marca página em nossa própria vida. Mas aqui, não falamos em livro. E provavelmente, esse marca página é feito com nosso coração.

Também levei algum tempo para saber que um dia o nosso coração realmente fica mais inacessível. Talvez até um pouco mais duro. No fundo, é um jeito que temos de colocá-lo em uma caixinha e protegê-lo do mundo. Uma pena que nessa mesma caixa não caibam também os nossos medos. Eu adoraria que meu coração soubesse lidar com todos eles. Um dia descobri que "qual é o seu maior medo" é uma pergunta muito fácil de responder. Olhe que nem estou falando de avião.

Eu demorei anos para descobrir que se apaixonar não é a coisa mais fácil do mundo. E quando a gente aprende alguma coisa sobre isso descobre também que depois de um tempo e de algumas pancadas, mesmo que a gente ache que se apaixonar seja fácil, vai também descobrir que se desapaixonar é mais fácil ainda. Desencantar-se é fácil e simples assim, como ser intolerante com alguns defeitos dos outros.
Mas ai também descubro que em vez de melhorar, posso estar também colocando meus defeitos em uma caixinha. E isso pode não ser legal. O tempo devia tirar qualquer marca-página que tornasse isso parte de mim mesmo.

Um dia também descobri que vazio não tem nada a ver com dor-de-cotovelo. E que decepção dói mais que dor de amor. Decepção é somente deixar de acreditar nas pessoas. E se você pensar direitinho, isso tem a ver com acordar de repente e perceber que qualquer pessoa pode nos machucar. É uma escolha.
E falando nelas, descobri que não existe maior solidão do que tomar decisões. É como ter que escolher entre um caminho escuro, ou outro com a luz apagada. E não, isso não é a mesma coisa. Mas também descobri que essas escolhas fazem parte da minha vida de uma forma tão especial, que no meio do caminho, talvez eu encontre surpresas. Ou somente encontre a mim mesma.

Aliás: sempre encontrei. Nem sempre vai dar para ter todas as pessoas que amei parte da minha vida e presentes pra sempre. Mas com certeza, o pequeno tempo que dediquei a elas, faz parte de quem eu sou hoje. E não, também descobri que não tenho medo do escuro mais. E quando isso acontecer, é simples: basta conversar com Deus e deixar a luz acesa. Isso não faz de mim mais criança, ou menos forte. Assumir as fraquezas também é outra coisa que se leva um certo tempo para aceitar.
Um dia também descobri o que sempre soube: criar expectativas é um jeito ansioso de viver tudo antecipadamente: as partes boas e também as partes ruins. E ninguém quer descobrir o final do livro, antes de chegar na metade. Desse jeito, talvez o marca-página não tenha muita graça. E a lembrança pode ser desagradável.

Um dia também descobri que não existe mais estranha sensação do que ter amado muito alguém e hoje essa pessoa ser somente um estranho. E o mais estranho ainda é pensar que teria deixado de amar de todo jeito. Estando junto, ou não. No fundo, ainda acho que a dor só vai embora quando não existe mais nenhum tipo de expectativa. Sendo otimista, isso pode ser uma boa dica.
Também demorei anos para aceitar que é preciso muita coragem para ir embora e mais ainda para recomeçar. E sempre dá para fazer tudo novamente. Aceitar o fim não é tão difícil.
E não importa quantas vezes você diga que nunca mais vai voltar. Justo aquele lugar pode ser seu porto seguro.

Também demorei para descobrir que existe um tipo de amor que cresce a cada olhar, a cada sorriso. E nos faz tão maiores que torna qualquer medo pequeno. Esse tipo de amor vem sem cobrança. E dissociar a cobrança do amor é algo tão mágico que nos deixa mais parte de Deus. Deve ser por isso que toda mãe tem essa ligação bem maior com o céu.

Outro dia também descobri que continuo sentindo que "não importa a distância, se temos o mesmo céu" ainda é a minha frase que mais define o quão pequena pode ficar uma saudade enorme. E talvez seja um bom consolo. Nem toda saudade se acaba no abraço, mas se doer um pouco, isso vai me tornar mais viva. E dá sempre para voltar atrás. A vida é uma só e por isso mesmo tenho que escolher com carinho quem vai fazer parte desse meu céu.

Um dia também descobri que a melhor coisa do mundo é ter um filho. É como nascer de novo todo dia. Se hoje existe solidão, pode ter certeza de que amanhã você não brinca sozinha. Colocar um filho que nasceu nos braços pela primeira vez é um milagre tão grande que dá saudade a todo instante. E talvez não exista família perfeita, mas é incrível a força que existe no amor. Só de ver alguém sendo amável com meu filho, já passo a amá-la na mesma hora.

Eu demorei anos para descobrir que às vezes me sinto sufocada pelas pessoas e pelos meus próprios pensamentos. O que não significa que eu seja anti-social ou coisa do tipo. Só tenho um jeito esquisito de ser feliz. E aprendi a gostar tanto de ficar sozinha, que ir ao cinema com a cadeira vazia do lado é muito mais interessante do que conversar com quem não goste.

No fundo, timidez é só um jeito criativo de sair correndo de qualquer lugar. Na hora que bem entendo. Parece que estou num palco constantemente, mas sem a intenção de impressionar ninguém. E não esqueça também que falar mansinho não tem nada a ver com ser bobo. Quisera eu ter guardado algumas palavras só pra mim. Mas meu coracão talvez seja um pouco como eu: também precisa de espaço e vez ou outra se sufoca, colocando tudo pra fora.

Eu demorei anos para saber que não me importar com qualquer coisa, não significa que aquilo deixou de ser importante pra mim. Mas se tudo isso não importa mais para você, eu prefiro que você me diga. E logo. Não vou fazer nada para mudar isso. Só o tempo muda as coisas. E se você fica esperando sentado para o tempo mudar, não vai adiantar nada. Assim, você estará apenas aceitando as coisas. E no fundo, para qualquer mudança ter efeito, ela tem que começar mesmo em você. Talvez tenha ficado complicado mas não significa que seja difícil.

Um dia também descobri que não levei uma vida inteira para te esquecer, mas demorou tanto que pareceu uma vida. É porque foi: algo nasceu, cresceu e morreu. Por sorte, não fui eu. Ainda tenho algum tempo. E se tempo tempo, é bom que eu saiba escolher com quem vou gastar. O melhor conselho que já ouvi foi: a gente tem que gostar de quem gosta da gente. Parece simples, mas se todo mundo fizesse isso, muitos livros nem seriam escritos. Servidão Humana, que é um dos meus preferidos, não passaria nem do Prefácio. Mas tenho certeza de que uma hora a gente acerta. E talvez ilusão e expectativa sejam a mesma coisa.

Eu demorei anos para descobrir que estar com coração vazio não significa "não ter lembranças". Sabe aquela caixinha do início do texto? É nela que guardo tudo. Um jeito prático de esvaziar o coração? Não foi tão pensado assim.

É bom mesmo que nada seja pensado. E nunca ache que as coisas são mais intensas do que realmente são. A menos que seja um beijo.

Um dia também descobri que saudade é um jeito que o coração encontrou de beijar o outro. Já escrevi isso várias vezes. E nem é porque acho bonito. É porque quanto mais o tempo passa, mais brega acho.

aí imagino que ainda vou descobrir muita coisa. E elas sempre vão mudar. E melhor ainda deve ser redescobrir algumas. Mas acho que isso ainda vai demorar. Sim, a gente leva tempo para curar um coração partido. Mas demora ainda mais para entender que coração vazio não é a mesma coisa que partido. Sim, é a velha decepção. E por favor: essa não quero deixar na caixinha.

Mas perdoar pode ser um jeito de reciclar carinho. Perdoar não significa voltar atrás, nem muito menos colocar um marca-página aquela pessoa. Só significa que virou a página de um jeito especial. Se você diz que perdoou e ainda se transborda em palavras, ferindo alguém, pense bem: talvez você não tenha amadurecido nadinha. Desejar o bem é o princípio do amor. Demorei um tempo para descobrir que talvez demore para falar de amor, mas quando acontecer, tenho certeza de que algumas músicas vão voltar a fazer sentido.

Talvez alguns livros. E talvez eu até volte a preencher um pouco desse céu, que faz ainda mais sentido quando existe saudade.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Sobre Tico.


É luz na janela. É saudade que ainda não aprendi a pronunciar. É carinho de madrugada, é colinho. E um monte de palavra no diminutivo.

Mas que em nada diminuem esse meu grande amor por você.

Sobre tempestade


Não vai ser errado te odiar. Errado seria se eu nunca tivesse gostado de você.

Sobre despedidas.


É triste pensar na despedida quando ainda não tenho nenhum motivo para ter que esquecer você.

Sobre caminhos.


Não sei o que me levou até você. Mas ainda não achei nenhum motivo para voltar.

Ou você quer me mostrar o caminho?

Devolva.


Pra você, o meu melhor. E se isso virar tristeza, vou te cobrar em música, em rima ou até poesia.
Vou te cobrar toda a saudade de volta.

Já não era uma vez.


Já não era amor quando eu perdi a hora, ou quando você foi embora sem hora de voltar. Já não era amor quando eu acordei e você tinha levado tudo. Até a saudade.

Sobre motivos


Não foi por teu sorriso. Foi somente pelo motivo que me fez sorrir.

Da alma


Já não é saudade que se sente quando é a alma que tá dormente.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A música acabou

Por muito menos, eu te faria uma música. Não pra dançar, porque você não parece ter o mínimo jeito pra isso. Não que eu tenha. Mas se essa música tocasse eu te chamaria pra dançar, só na tentativa de te colocar tão perto de mim quanto se a gente tivesse tamanha desenvoltura pra isso. Na verdade, essa é a graça. O pretexto pra ter você tão de perto que nem sequer daria pra te olhar direito. Em cada passo, a gente nem conseguiria andar pelo chão. Mas a gente pode tentar ensaiar uma música que você goste. Que com certeza não vai ser melhor que a aquela que quase te escrevo. Está na minha cabeça. Cada letra, ritmo, melodia. É meio fora de ritmo, tem uma parte que parece um samba. E que clichê é falar de samba quando quero te dizer qualquer rima triste só para não te esquecer. Invento um passo esquisito  e você sorri como se já soubesse que aquele seria o meu jeito de te provocar. Você para um pouco, como quem quer ir embora. Não pra me deixar, mas pra aquele momento ser só nosso. Eu digo que essa música é nossa, mas nesse momento faz silêncio. Você como sempre não me entende. Mas eu vou embora e levo a saudade. Não levo você comigo. Não do jeito que queria. Mas te levo, assim, de repente, no meio da noite, como um pensamento que tenta virar letra. Será que vai sair aquele samba?
Que seja qualquer coisa de triste. E que seja qualquer coisa pra te trazer de volta. Assim, pro meu abraço, dançando até bem depois da música acabar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Quando foi que te esqueci?

Eu achava que nunca ia te esquecer. Até fazia planos para quando ficar velhinha imaginar você reclamando de tudo com seu jeito ranzinza. Era bem capaz de você ainda nem ter me perdoado. E o mais engraçado era que nessa mesma imaginação, eu já tinha 4 netos e nenhum tinha qualquer relação com você. Verdade. Eu casava de mentirinha. Não com você, porque foi-se o tempo dos amores platônicos, em que eu casei 4 ou 5 vezes com você, do jeito que dava pra imaginar. Estava falando da realidade esquisita de casar com uma pessoa que eu não conhecia tanto quanto você. Que de tão perfeita, aliás, parecia que eu não conhecia. Porque com você era diferente: sabia todos os defeitos. E que ilusão é essa de achar que te conhecia bem só porque sabia os seus defeitos?

Esquisita sensação. Mas mesmo assim eu gostava de sentir. Imaginava que podia ver você em vários lugares e rostos. Te via mas não tinha você. E a cada chuva ia te encontrar sentado em um café. Mas você estava do outro lado do mundo e nem doía mais tanto assim. Era só uma lembrança que martelava e que me fazia tão cética a ponto de achar que ninguém era igual a você.
Eu lembrava que você suava pelo pé, pelas mãos e eu achava isso engraçado. Quase um pato. Feio. Você nem era tão bonito assim, mas tinha um charme que só eu conhecia.
A graça era essa porque sou ciumenta. Só eu conhecia o que você tinha de mais bonito, mas ai a gente brigava e tudo voltava a ficar do mesmo jeito. Seus defeitos. O problema nunca foi eu, era você. Você conseguia me tirar do sério por pouco com a mesma intensidade que conseguia me fazer feliz por muito menos ainda.

Aí você já tinha ido embora fazia tempo. Até eu tinha ido embora e mesmo assim o seu lugar estava ali. Eu me imaginava amando você escondido pra sempre. Inventava uma briga só para te procurar e dizer o quanto você foi bobo de me perder. Eu estava perdida, porque era assim que me sentia sem você. A dor tinha conseguido me convencer a me acomodar. E que coisa estranha. Já vi quem se acomoda por amor. Mas pela dor?  Lembro que eu me sentia experiente no amor só porque não tinha te esquecido. Imaginava que as pessoas eram tolas em viver esse amor mais ou menos. Esse amor quatro horas da tarde. Eu, não. Eu era feliz porque tinha conhecido uma saudade tão forte quanto a dor de te ver indo embora.
Como eu podia me sentir feliz com tão pouco? Eu não via a hora de te ver depois de anos ainda surpreso com o mesmo sorriso que você gostava em mim. O sorriso triste de não ter você. Imaginava que poderiam passar anos, amores e mudanças e mesmo assim você ia enxergar em mim o que sempre enxergou. Você mesmo. Te encontrei por um acaso umas 4 vezes na vida e em todas elas, me apaixonei por você.
Eu achava mesmo que nunca ia te esquecer, mas não sei quando exatamente isso aconteceu.
Talvez eu tenha esquecido alguma parte da nossa história. Nem sou tão velha assim, nem casei de mentirinha, mas também não sinto mais saudade. A dor foi embora e com ela chegou a paz.
Em algum lugar talvez eu lembre do seu sorriso. Mas continuo achando que não sei nada sobre o amor. E  não quero que você me ensine porque dessa vez foi diferente. Você não vai se apaixonar por mim a vida toda.
Acho que você foi embora de verdade muito tempo depois de ter batido a porta. Mas foi.
E talvez eu não passe a vida te esquecendo somente porque parece que eu demorei uma vida para te esquecer. Mas esqueci.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

14 meses



Hoje acordei e pensei no quanto os nossos dias são felizes e o amor é leve, mesmo quando o cansaço pesa. Verdade que tiveram dias que tive vontade de sair correndo, de largar tudo pro alto e entrar no primeiro avião. Obviamente, não chegaria nem na garagem de casa porque já sentiria saudade.
Porque já não imagino como é viver sem você. Talvez só uma lembrança. Até parecem duas vidas distantes. Na outra, o vazio. E nessa o tédio sem você. 

Na outra, horas intermináveis de sono. Que sonho! Hoje, poucas horas, mas: o sonho.
Porque eu sei o quanto o amor é grande, real e pra sempre, todo dia quando você acorda sorrindo e vem fazer carinho. Mil carinhos. Quando pede colo só pra dormir 15 minutos a mais comigo. Ou o quanto a sua alegria é sincera e a pureza visível quando descobre o banho de chuveiro como um motivo pra sorrir sem parar.  E quanto riso. A gente espera piadas em filmes engraçados ou graça por aí, em qualquer amigo. Você, não. Você sorri com a mínima coisa, como brincar com seus dedinhos. E me faz rir à distância quando lembro você correndo pra comer uvas e sentando no chão quando coloco no pratinho. Já acho engraçado quando você, mesmo jantando duas vezes, pede o meu jantar, com um olho tão grande e tão vivo, que me faz  sentir viva de verdade. Com você não tem tempo ruim. É só alegria. É só passeio. É a gracinha de dar tchau quando calço o meu sapato, ou é a delicadeza atrás da porta esperando que a mesma seja aberta pra sair correndo.

Seu cabelo ta uma juba de leão, exatamente como te chamava. Mas ao mesmo tempo, um monte de cachinho de uvas – como você gosta. Ou anjo, como você é.

Você é um pequeno milagre que ilumina todos os meus dias. É a própria felicidade sorrindo pra mim de dentinhos separados.

Meu amor por você é paz. Que só cresce. Assim como você. É saber que tudo vai acabar bem quando eu abrir a porta e te encontrar sorrindo. (mesmo com a testa roxa porque trelou).
Essa história toda de viver com o coração fora do peito vale a pena. É poesia escrita com o coração, pelo vento e com todo sentimento do mundo.
Se já falei de amor, não me lembro.
Porque agora eu sinto de verdade. E você consegue iluminar todos os meus dias. Mais ainda quando aponta pra luz, na tentativa de mostrar alguma coisa. Você me mostrou muito mais que esse pequeno texto.

Te amo, Tico. <3 p="">

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Menino-carinho



Tiago é um menino carinhoso. Menino-carinho. Menino mimoso. Ele faz carinho em todo bichinho que vê. Carinho para ele é encostar testa com testa, como se estivesse dançando.
Mas no caso dele, dançando bem rapidinho.
Tiago com apenas um gesto explica para o mundo inteiro que o verdadeiro carinho é estar junto, estar perto.
Carinho é o jeito que Tiago encontrou de abraçar com a alma, mesmo sem saber o que é isso.
Bom mesmo é acordar todo dia com esse sentimento.
Bom mesmo é acordar com o carinho de Tiago. Pra mim, é bom dia.
É dançar às 6 da manhã.

Tiago e a chuva.

Hoje Tiago viu a chuva. Pela primeira vez, sentiu de verdade. Chuva, Tiago. Tiago, chuva.Ele ficou paradinho, apontando, com o maior olho do mundo. Olhou para mim como quem está escutando música pela primeira vez.

Olhos curiosos. Ouvidos atentos. Coração quentinho. Mais uma descoberta para entrar na lista das coisas que Tiago ama. Amanhã quem sabe, ela ganhará mais uma novidade: dormir na chuva.
Tiago dorme, embalado por essa música tão delicada que nem parece um disco arranhado quando se ensaia um trovão.

Seja criança, noite. Essa composição brilhante que só acaba quando o sol chega. Também cantando. Como Tiago ao acordar.

Quem tem medo do escuro?

Tiago não tem medo do escuro.

Ele acha que é mais um esconde-esconde. E agora, real. Ele fica imóvel, rindo baixinho, como se o escuro fosse seu esconderijo.

E ao acender a luz, o olho de Tiago brilha só para combinar com o sorriso de dentinhos separados.
Tiago fica na expectativa para que mais uma vez a luz se apague e ela possa ser invisível.

E eu fico só esperando a luz acender para abraçar Tiago. Não mais para proteger do escuro.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Tiago sorri com os olhos.



Tiago sorri com os olhos. E se ele consegue fazer essa mágica, com certeza, deve gargalhar com o coração. A alma de Tiago é tão doce que tem cheiro de pipoca. Doce. Porque algodão-doce seria muito clichê.
Tiago sabe que consegue um beijo sempre que sorri com os olhos. A pergunta é: o beijo é nos olhos ou é na sua bochechinha?

Deve ser no coração. E que gargalhada.
Parece gargalhada de cosquinha na barriga. Mas é na alma.
Talvez Tiago também sorria com a alma. Só sei que ele fecha tanto os olhos que parece que passou um vento. 

Mas Tiago é só brisa. Brisa que descansa e acalma a alma.
Tiago faz rir até quem quer chorar.  E rir de olhos fechados, só para fazer graça.
É uma graça.






quinta-feira, 18 de abril de 2013

O abajur-cachorro



Abajur não late, mas ilumina. Como um cachorro que brinca com seu dono e se esconde para ganhar mais carinho.

E como Tiago acha que o abajur é um cachorro?
Tiago acorda e faz carinho no abajur. Tiago puxa seu fio, como quem leva o bichinho para passear. E assim, Tiago e o abajur iluminam o dia de muita gente.
Se eu pudesse, colocava os dois no criado-mudo. Não mudo. Tiago jura que o abajur late.
E se você quiser ouvir, basta acender o botão de madrugada. Botão é um nome fácil para interruptor. E abajur, o nome do primeiro cachorro que um dia Tiago vai ganhar.

Hoje adestramos o abajur. A gente diz “deita” e ele apaga a luz. E Tiago dorme.