terça-feira, 14 de junho de 2011

tempo

Que coisa é a vida.
Esse pequeno círculo girando o tempo todo em torno de si mesmo. Ou de mim mesmo.
Que nunca pára. Como se fosse um pequeno relógio.
Não sei que tipo de relógio. Mas está sempre tentando alcançar alguma coisa.
Será que “alcançar alguma coisa” se chamaria “hora certa”?
Mania da existência de viver em função da hora certa.
A hora que parece nunca chegar, mas é a hora sensata.
Mania de querer fazer tudo como manda o figurino.
Café da manhã tem que ser sempre antes do trabalho com gosto de iogurte e obrigações diárias, que logo cedo, talvez se resumam a comer frutas.
Nunca é tapioca vendo o pôr-do-sol. Isso sairia e muito do script do relógio que fica circulando em torno de nós mesmos. Nenhum relojoeiro conseguiria resolver esse problema.
Diga-se de passagem: o relojoeiro nesse processo somos nós mesmos. Mania de controlar o tempo e afins. Mania de “hora certa”
E a hora certa para viver? Hora certa pra amar. Hora certa pra sofrer. Verdade que tudo tem seu tempo.
Mas dolorosa também é a verdade de passar o tempo esperando uma hora que nunca chega. Até porque, abstraindo por segundos do relógio, ele passa de 10 paras três para às 5 e meia, em apenas um cochilo.
Dorme-se no ponto esperando a hora certa.
Vamos ser prudentes. Vamos almoçar de meio dia. Tomar um café às 13:30.
Vamos dar volta sobre nós mesmos para assim, finalmente, começar a sentir alguma vertigem.
E haja tempo para isso.
Estaremos seguindo algum tipo de script com final feliz?
Sensatez. Quem inventou essa palavra, provavelmente tem 12 relógios em casa.
E provavelmente, sabe responder essa pergunta.

Mas tudo bem. Faz de conta que por um segundo, você esquece todos os relógios do mundo.
Faz de conta que todos eles pararam.
Agora, sim, você tem controle sobre o tempo.
Quando o relógio para, é a vida que começa a girar em torno de você.
É isso.
Aí sim dá vertigem, calafrio e até medo.
Mas é vertigem boa.
É vertigem que não espera a hora certa. Porque não existe hora pra nada.
É vertigem de saber que a vida não está passando por mim enquanto eu “não perco a hora”.
O tempo parou.
E parou. E parou.
e por um passe de mágica, só assim, a vida me consertou.

Nenhum comentário: