sábado, 1 de outubro de 2011

de uma tarde de outubro

Porque as coisas pequenas são bem maiores.

Flores dispersas na calçada não fazem mais parte da natureza. Fazem parte de um novo caminho, que um dia vai me levar até você. Eu já não penso no que gosto. Penso no que você poderia gostar.

Será que vai ser do fim da tarde? De sorvete de flocos?

Quais dos pequenos prazeres da vida vai ser seu preferido?

Eu já não olho para o céu e penso que vai cair uma chuva. Ou que mais tarde, nessa cidade tão louca quanto meus sentimentos, a temperatura vai cair. Penso em como te contar uma história, para dizer que o céu é o lugar perfeito para todo mundo.

Tanto que quando a gente se sente feliz ou apaixonado diz que está no céu.

Já penso em brincar com as nuvens e fingir que ovelhas felpudas podem cair na sua cabeça. Por isso, é melhor correr quando chove. Ninguém quer levar uma "ovelhada" na cabeça, menino.

Também penso que sua mão vai ser tão pequena quanto eu me sinto agora, diante de você. Mas ela vai ter a capacidade incrível de curar e transmitir amor.

Porque segurando a sua mão, seremos só um e ao mesmo, nunca estaremos sós, no sentido de ser "só um".

Penso que por você, terei que aprender a perdoar. E por você, vai chegar um dia que terei que exercitar o que eu mesma defini: "perdoar é reciclar carinho".


E agora, em uma tarde de outubro qualquer, penso em como nos momentos de mais desordem interior, a felicidade vem em pequenos pedaços. E se a gente juntar (para isso, nem é preciso ser bom em quebra-cabeça), a gente pode deixar a vida mais leve.

Penso que agora tudo parece difícil. Mas é justo essa hora que começamos a nos esvaziar de nós mesmos. É por isso que você vai gostar tanto de balão de festa.

E se esvaziar talvez seja o mesmo que as árvores fizeram com as flores, que agora, já estão na calçada. E que agora, fazem parte do meu caminho.

Aí começo a imaginar o futuro. Penso em como as dificuldades nos fortalecerão a ponto de aceitarmos o que a vida nos deu.

E mais que isso, enxergar como um presente.

Imagine, filho, que lindo dom é esse. Mais do que um pedido, você chegou de repente. Como um presente. Uma surpresa.

Você já parou para pensar no tamanho de tudo isso? A gente, por exemplo, não escolhe nossos irmãos. E eles passam a ser o nosso mundo, o nosso sentido, a nossa força, o nosso maior amor.

Por isso, hoje, quando eu passar a mão na barriga, eu sei que é no seu coração que estarei fazendo carinho. E quando a gente dá, também recebe.

E fazer carinho no coração é o jeito mais simples e, ao mesmo tempo, intenso de amar.

Porque as coisas pequenas são bem maiores. Mas as coisas que parecem maiores também vão ficar pequenas.

meu pequeno.

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