terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Transformação - O maior post do ano.

(post que serviu como inspiração para eu fazer "minha caixinha":
http://www.janajoanajocker.blogspot.com/#!/2011/12/caixinha-de-mae.html)


Mãe: teoricamente a pré-fase em que tudo é cor-de-rosa. Mesmo que você esteja esperando um lindo menininho, repleto de tons de azuis.

Mas o que não sabemos é que a difícil arte de ser mãe já começa a ser difícil e ser arte muito antes de se realizar.

Não tenho autoridade para falar das dores e prazeres. Nem ainda segurei meu filho. Nem vi o rostinho mais rosado e bochechudo nascer.
Mas o que sei é que se “ser mãe” é realmente padecer no paraíso. Às vezes é necessário, muito antes, padecer, para assim, entrar no paraíso.

É essa a caixinha que tenho guardado por meses. Aprendizados. Lutas. Recomeços. Nenhum dia tem sido igual ao outro. Das emoções às surpresas de sentir o neném mais sapeca do mundo dar os seus primeiros pulos.

E que difícil são as emoções: a gente literalmente, padece. Claro. Nem toda experiência é igual. Aqui falo em tons que não são rosas. Talvez verdes, porque passei a detestar o azul ( e tenho motivos). E verde é esperança. Verde é meu Tiago.

O paraíso é verde, meu filho. Mas ninguém disse que ele é um sonho, em que de repente se abre os olhos e se vive entre sorrisos e calmaria.

No meu caso, foi longe de ser calmaria. Primeiro a total falta de chão.

Segundo, a pior fase: a queda. E ai, como doeu. Como as decepções ensinaram.
Como o chão é frio, machuca – assim como as pessoas - e dói.

Mas a boa notícia é que é uma fase. Assim como dividimos o nosso calendário em semanas, assim ficam nossos sentimentos. Semanalmente mudando.

Olhamos para a “décima sexta semana” e pensamos: parece que foi o ano passado. Tamanha é a transformação que essa viagem “gravídica” provoca na alma.

Parece que foi ontem que eu me deslumbrava entre roupinhas e imaginava um bebê como um sonho muito distante da realidade.

Parece que era ontem que eu não poderia decidir sobre meu próprio parto. Ou que eu achava que era o fim do mundo gerar um sentimento tão intenso de forma praticamente, sozinha.

Mas no fundo, estamos sós. Sempre. Sós nessa transformação para dentro de nós mesmos. A barriga cresce. Mas é o coração que se dilata.

Ainda não tenho uma caixinha que fala sobre a emoção de carregar um bebê. Ou das descobertas que só a intuição materna pode trazer.

Mas a intuição vem antes da maternidade. Antes, quando sonhei que estava grávida – na época em que mais que suspeita, isso era apenas medo – e realmente era verdade. Sonhei com um bebê perdido.

Verdade que sonhos esquisitos são recorrentes na gravidez. Esses mesmo que desenham nenéns que nascem antes do tempo . Pudera. Existe uma mãe nascendo “antes do tempo”, mas será?

E agora? Falei de duras penas. Falei de não ter chão. E falei da segunda fase de cair no chão.

Mas o que falta para entrar em uma nova fase? Uma nova etapa ainda contadas em semanas, e para ser clichê, um novo ano, em que já posso deslumbrar o paraíso de onde estou?

É difícil, mas dá para fazer um esforço.

Porque ser mãe é fazer o possível para ser uma pessoa melhor. Se perdemos o chão, aprendemos a voar. Não como super-heroínas que tentamos ser.

Somos mais do que nunca, nós mesmas. Porque já não dá para esconder sentimentos o tempo inteiro. Já não dá para aceitar quem diz “ não chore porque seu filho sente”. Você não sabe do que está falando…

Eu já sentia. Não é verdade. Meu filho sente quem eu sou. Meu filho me escolheu e sabe que juntos vamos nos fortalecendo. E pra que esconder o que temos de mais digno que é um sentimento?

Não dá para chegar ao paraíso sem antes viver cada alegria. Cada lágrima.Cada dificuldade. Faz parte da nossa história enfrentar. Não somos nós mesmos quando fugimos.

Cheguei em uma nova fase. Tá quase lá. É quase uma borboleta. O caminho está ficando cada vez mais verde, e consequentemente, mais puro.


Já não sinto nenhum chão. De novo? Posso apenas estar deslumbrando um novo vôo. E aprender a voar, ai, machuca.

Mas se já padeci, é porque conquistei a força de ser mãe. Agora, é só nascer de novo. Mas para isso, vou ter que segurar meu maior amor no colo.

Filho, só queria te dizer uma coisa: tudo de melhor que me tornei devo a você. Devo a você por sentir raiva, dor, por ser eu mesma e cada dia mais forte.

Porque só o amor é capaz de transformar e escrever uma história, que mesmo em linhas tortas, termina no céu.

Obrigada.


(e agradeço também a quem tem me ensinado a voar nessa “longa jornada”:
Rafa, por ser o amor maior da minha vida e Mingo, Mainha por ter se transformado junto comigo em uma avó cheia de sonhos. Meu pai pelo exemplo de homem e ternura que quero dar a meu filho. Pati pela doçura de irmã. Venina pelas terapias nas “manhãs” de terça, e por sempre me mostrar que posso ser mulher muito antes de ser mãe. A Circe, a grávida mais linda, que segurou a minha mão e me ensinou sobre uma maternidade tão linda e cheia de força.
A Iolanda e Camila, por representarem Deus sempre ao meu lado. A Junia pela esperança e certeza da felicidade e pela bondade. A Zé Roberto pelas palavras tão divinas e pelo maior aprendizado sobre perdão (que ainda vou demorar para colocar em prática). A Nah pela amizade compartilhada em dores e alegrias, a Liza e Carol, pela doçura sempre presente. A igor, pela amizade de sempre e pela compreensão. A todos pelo amor, o tempo todo.


"Minha gravidez foi uma surpresa, que a cada dia, se transforma em uma caixinha de surpresas".

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