quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pedro Pendura

Pedro resolveu viver no pendura.
Cansou dessa vida inútil, de interesses. Cansou de depender de dinheiro para ser feliz.
Cansou de contar os reais até para tomar um chopp na padaria. Não dava mais.

Claro que não dava para sair por aí rasgando dinheiro, nem morar no carro.
Ser hippie era um conceito muito ultrapassado.

Afinal, a magia de um só existia no musical Hair. E falando em magia, ela já acaba no estado do cabelo de qualquer um.

Mas pera aí. Hippie morando em carro 1.4 CV. Ok.

Hippie que só toma banho se for de perfume. Chanel.

Ok mais ainda.

Argumentos válidos para acabar com qualquer tentativa de ser hippie.

Viver no pendura era melhor.


Que delícia era tomar o chopp da esquina e dizer: põe na conta.

Que delícia era chegar no restaurante chique. Levar a mulher para um jantar romântico e não pagar nada.

“ põe na conta dela, que tem menos penduras do que eu”.

Ter menos penduras do que ele, significava ter mais crédito na praça. Quase um Lis à moda antiga. Só que sem juros.


Ou seja: muito mais vantagens do que um cartão de crédito.


Pedro estava feliz da vida. Prestes a contar para todo mundo, a sua teoria do pendura.

Pendura eu, pendura tu, pendura ele.

Se todo mundo fizer igual, chegaremos a um conceito comunista que ninguém conseguiu chegar.

Não precisaremos achar que nada nem dono, nem sair roubando por ai.

Apenas um vai fazendo caridade para o outro.


O mendigo pediu esmola. Coloca no pendura, Mano.

Outro dia te pago. ( bom, ele já fazia isso com o flanelinha).

Bom, pra infelicidade de Pedro. A festa do cartão de crédito sem juros acabou quando o chefe assinou a sua demissão.

Motivo?

Pendura.

Pendura as chuteiras.


Voltou Pedro para a casa, lendo o seu jornal.

Deixou o troco para pagar os 7 jornais da semana passada.

Um comentário:

Rique disse...

demorei mais de cinco minutos.
mas valeu, muito, a pena :)